segunda-feira, 22 de março de 2010

20. Boca fechada não entra mosca


Se observarmos bem, veremos que quatro dos nossos órgãos dos sentidos permanecem ativos o tempo que desejarmos: os olhos se mantêm abertos com a possibilidade de serem fechados; assim também são nossos ouvidos, nariz e pele que podemos tapá-los ou cobri-la, quando não desejamos utilizá-los. Perceba a palavra podemos, porque estes quatros órgãos foram feitos para ficarem ativos. No entanto, com a língua, um outro órgão do sentido, acontece o inverso: ela fica “guardadinha” na boca, devendo ser usada quando necessário, para saborearmos os alimentos ou para falarmos.

Mas será que é isso que fazemos? Parece que não! Nós falamos muito mais do que vemos, ouvimos, cheiramos e sentimos. Sendo assim, utilizamos muito mais um órgão – a língua, do que os outros quatro juntos. E o pior, aquele que deveria ser menos utilizado!

Observe, neste exato momento, se seus olhos, nariz, ouvidos e pele não estão “abertos”, enquanto sua boca está fechada? É esta a correta posição dos cinco órgãos do sentido.

“O mal não é o que entra na boca do homem, é o que sai dela.”

O mal é quando utilizamos um órgão tão precioso quanto a língua, para maledicências, injúrias, injustiças e “fofocas”, por mais “inocentes” que pareçam ser.

A vida dos outros não nos pertence.
Não é porque falam da gente, que devemos ou podemos
falar dos outros.

“Os erros dos outros não justificam os nossos.”

Quatro coisas são fundamentais para que nos tornemos mais sábios: saber, ouvir, ousar e calar. Calar é a última, por ser a mais difícil.

Calar é realmente difícil, mas não impossível!
Tente! Você conseguirá manter a língua
no lugar que lhe é devido:
dentro da boca!

O hemisfério esquerdo do cérebro é responsável pela palavra: falar, ouvir, etc. O direito pela percepção, musicalidade. Caso, em uma experiência, o cérebro direito sela anulado, a pessoa fala como um robô - sem musicalidade. Não transmitindo, assim, os sentimentos. O que demonstra que se você falar muito, ativa o lado esquerdo do cérebro, deixando o direito pouco ativo - com pouca percepção.

Portanto, se você quer perceber mais coisas,
fale menos e sinta mais!

“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro.”



(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

21. Os cães ladram e a caravana pass


Amo as historinhas que me são contadas pelos meus clientes e amigos. Amo em especial as que estão contidas neste livro. Esta que agora vou relatar, por exemplo, reflete muito bem este dito popular:

“Um velho, uma criança e um jegue estavam viajando. A criança ia montada no jegue quando passaram por um grupo de pessoas que comentaram: Que absurdo, a criança que é jovem vai montada, enquanto o velho vai andando! O velho, ao ouvir aquilo, tirou a criança e montou no animal. Quando passou por outro grupo de pessoas, estas comentaram: Que velho mau, deixa a pobre criança andando e vai montado! Escutando estas palavras o velho desmontou e seguiu andando junto com a criança. Agora o povo comenta: Que velho burro, com um animal e os dois vão andando! Tentando satisfazer a vontade popular os dois montaram no jegue: Isso é um crime, duas pessoas montadas no pobre animal! Já enlouquecido, sem saber como agradar ao povo, o velho carrega o jegue nas costas. E as pessoas, com ar de crítica e satisfação, saem dizendo: Este homem deve ser louco!

E era mesmo! Não por carregar o animal nas costas, mas por querer agradar a todos, o que é humanamente impossível. É como querer segurar uma estrela com as mãos; por ser impossível se torna um ato de loucura.

Você já deu um corte novo nos cabelos e com certeza já ouviu: “Onde cortou? Ficou lindo!” Assim como: “Por que fez isso?! Você tinha cabelos tão bonitos.”

Como não pode agradar a todo mundo, agrade a você mesmo.

Só estando feliz, você conseguirá fazer os outros felizes.

Os cães ladram – as pessoas comentam –,
mas a caravana passa.
Sua vida caminha e segue sempre em frente.

“O profeta pediu a Deus:
– Deus, proteja-me apenas de uma coisa:
da língua dos caluniadores.
Ao que Deus respondeu:
– Meu filho, você quer ser melhor do que eu?”

Você nunca poderá controlar o que as pessoas sentem, pensam e dizem a seu respeito. Portanto, se algum comentário maldoso surgir sobre você, lembre-se: “os cães ladram e a caravana passa”.

Se cristo foi criticado, morto e crucificado, imagine nós! Façamos como Ele que disse: “Perdoa pai, porque eles não sabem o que fazem”.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

22. Depois da tempestade vem a bonança


E depois da bonança vem a tempestade.

A vida é cíclica: a maré enche, vaza e enche de novo. O sol acorda, adormece e acorda de novo, temos o dia, a noite, o dia. Assim também são as fases da nossa vida: fases boas, ruins e boas de novo. Então, por que nos desesperarmos quando estamos com problemas, se sabemos que cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, eles serão resolvidos?

Somos pessimistas ou otimistas em excesso. Pensamos que a fase ruim nunca acabará; ou, quando estamos bem, pensamos que nunca mais teremos problemas.

Enxergar que na vida temos problemas
– que passamos por dificuldades –
não é pessimismo, é realismo.

Pessimista é aquela pessoa que durante a semana passa quatro dias neutros (onde não acontece nada de bom, nem de ruim); dois dias bons e um ruim. Porém, um único dia ruim é o suficiente para que diga: “tive uma semana de cão”.


Eu costumo desenhar um pequeno ponto no centro de uma cartolina branca e pergunto o que as pessoas estão vendo ali. Até hoje só uma pessoa respondeu: “Um papel branco com um pequeno ponto preto”. Normalmente dizem: “Um ponto preto”. É que as pessoas tendem a ver apenas os pontos pretos do momento que estão vivendo. Mesmo a parte branca sendo bem maior; vêem apenas os problemas existentes naquela fase, deixando de enxergar o que de bom está acontecendo ou o que de ruim está deixando de acontecer. A situação financeira, por exemplo, pode estar difícil, mas você e sua família estão saudáveis, seus amigos estão bem com você e na sua profissão tudo corre tranquilamente.

Não devemos diagnosticar um período inteiro em virtude de um único problema. E que muitas vezes não é nem um problema, é apenas uma dificuldade comum de vida. Ficar doente, ter dificuldades financeiras, ter problemas de relacionamento, faz parte do “show da vida”. São as provas nas quais precisamos ser aprovados na escola que é o planeta Terra.

Nenhuma dificuldade, assim como nenhuma tempestade dura “todo o sempre”. E para que passe o mais rápido possível, aprenda a “jogo de contente”, ensinado pelo famoso livro “Pollyana”, onde para cada coisa ruim que está acontecendo conosco, lembramos de várias coisas boas que também estão ocorrendo e das ruins que não estão nos atingindo.

“Não há mal que sempre dure,
nem bem que nunca acabe.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

23. O que não tem remédio, remediado está


“Senhor:
Dá-me serenidade para
aceitar as coisas que não
podem ser mudadas.
Coragem para mudar as que posso.
E discernimento para distinguir
umas das outras.”

Não existem problemas, só soluções!

Isso quando compreendemos que determinadas coisas devem apenas serem aceitas, pois a resolução não está em nossas mãos. Está na de outrem ou na de uma inteligência muito superior, como a de Deus.

A única solução para alguns problemas é aceitá-los.

Com isso, não estou querendo dizer que devemos deixar os problemas ao sabor dos ventos; ou entregá-los nas mãos de Deus. Afinal, diz a Bíblia: “Fazei sua parte que Eu lhe ajudarei”.

O difícil é distinguir o que pode e o que não pode ser mudado.

Eu uso e ensino aos meus clientes o seguinte método: se para mudar uma situação, você já tentou um caminho e não deu certo. Tentou outro, também não solucionou o problema. Tente, enquanto tiver caminhos. Porém, se estes cessarem – se já não existir nenhuma nova idéia – cesse também as tentativas, senão ficará “malhando em ferro frio”.

Assim, para os tipos de problemas acima citados a solução é a aceitação. Pode não ser a desejada, mas nem por isso deixa de ser uma solução.

Somos ainda crianças mimadas que batemos os pés e dizemos: “eu quelo, eu quelo, eu quelo”. Esquecendo-nos que as coisas não são como queremos e sim como podem e devem ser.

As pessoas comumente dizem: “eu não aceito”, “eu não admito”. Por isso, meu filho, na época com seis anos, permitiu que sua alma milenar expressasse: “minha mãe, ensine para minha avó que na vida a gente não tem que admitir, nem desadimitir nada. A vida é o que é, as pessoas são o que é”.

Quando entendemos que “o que não tem remédio, remediado está”, é porque estamos começando a aprender ou já aprendemos um valor sublime – a resignação.

Um ser resignado não é um ser acomodado.
É apenas alguém sábio o suficiente
para compreender as limitações humanas.

Um ser resignado é um ser adaptado à realidade.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)

24. Sabedoria quando é demais vira bicho e engole o dono


O homem foi à lua.
fugiu da rua,
da verdade crua.
Queria alcançar o infinito,
esquecer os conflitos,
os aflitos.
O homem está na rua
Perdido na Terra
e no mundo da lua.

O homem está desvendando o universo (e por isso se acha muito esperto), quando ainda não conseguiu desvendar seu universo íntimo.

Buscar o infinito pode ser uma fuga do finito:
uma fuga de si mesmo.

“Certa vez, um filósofo ocidental bastante famoso pelas suas teorias cientificas, tentou, com muito afinco, marcar uma entrevista com um mestre para falar a respeito do Zen Budismo. Quando o esperado dia chegou, o filósofo encontrou o mestre que lhe estendeu uma xícara, a fim de servir-lhe um chá, e esta começou a transbordar, transbordar. Até que o filósofo, não mais suportando aquela situação, perguntou porque o mestre estava fazendo aquilo! E o mestre respondeu: esta xícara está transbordando. É preciso que ela seja esvaziada para que receba chá fresco. Assim também esta você! Transbordando de conhecimentos! Esvazie sua mente de conhecimentos que lhe são inúteis, para que possa adquirir novos.”

O Homem, com sua mente enraizada na suposta verdade cientifica, ignorante da verdadeira “Verdade”, tenta descobrir os mistérios do universo; enquanto tem um universo íntimo, praticamente virgem, a ser explorado. A ciência fez e faz descobertas fantásticas, mas não conseguiu ainda responder às três perguntas básicas: quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

A ciência não é a “Verdade”, apenas parte dela.
Uma parte indispensável,
como qualquer parte que forme um todo.

A “sapiência” do “Homo Sapiens” está destruindo o nosso planeta e, num futuro próximo, o homem poderá se autodestruir, caso não use a sabedoria de forma correta.

Ser “sabido” não é ser sábio.

O “sabido” é aquele que sempre comenta sobre suas espertezas, sem lembrar que “o mal dos sabidos é pensar que os outros são bestas”; O “sabido” é aquele que faz assinatura de determinado tipo de revista, para poder estar por dentro da inflação, corrupção no governo, e assim ser visto como um homem “culto”; que assiste e lê todos os jornais, ficando “expert” em crimes e sequestros. Novelas? Jamais!

O sábio por sua vez, tem consciência que se aprende com tudo e com todos: com o analfabeto e com o homem da ciência; com os jornais e com as novelas. E não faz da inteligência e da cultura o final do caminho. Ele sabe que são apenas degraus de uma escada que nos conduzirá à sabedoria maior: a sabedoria da vida.

“Sábio é aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas concepções. Sábio é aquele que através de uma harmonia pessoal consegue sentir o seguinte: faço parte e quero cada vez mais integrar-me e adaptar-me a vida que canta e cai, a vida que sofre e festeja em volta de mim; sábio é aquele que desistiu de ser o universo e resolveu apenas viver com o universo.”




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)


sexta-feira, 19 de março de 2010














25. Em terra de cego, quem tem um olho é rei


Ou talvez, em terra de cego quem tem um olho é LOUCO! Afinal, quem possuir um olho enxergará, nesta terra, coisas que o restante da população não terá condições de ver. Como se vê, aquele que possuir um olho, numa terra povoada por pessoas impossibilitadas de enxergar, poderá ser considerado um rei ou um louco, a depender da sabedoria e humildade desta população.

Caso esta população, mesmo sem o “poder da visão”, consiga enxergar com a sabedoria da alma, poderá entender que aquele ser “anormal”, isto é, fora dos padrões normais, enxerga uma “realidade” impossível de ser captada por todos, ou mesmo pela maioria. Uma realidade que vai além do real, parecendo surgir da imaginação daquele ser, uma vez que é vivenciada apenas por ele. Se assim for visto, este homem será considerado um rei, um mestre, um guia que orientará o povo pelos caminhos ainda obscuros. Mas, infelizmente, não é isso que acontece entre nós!

Por prepotência, ignorância e cegueira interior, os membros das sociedades modernas, consideram os indivíduos possuidores de capacidades que vão além das normais, como verdadeiros loucos (e não como sábios). Perdendo, assim, os valiosos ensinamentos que estas pessoas são capazes de transmitir. Ensinamentos que foram tirados do grande livro do universo. O pior é que de tanto serem vistas como loucas, estas pessoas terminam por assumir este posto. Parece que é mas fácil se curvar à pressão social, do que ir contra ela.

O caminho curto pode ser o mais fácil.
Mas, em compensação, pode não conduzir a lugar nenhum.

Por isso, se você faz parte do grupo dos que ainda não possuem uma visão interna desenvolvida, deixe o orgulho de lado e enxergue através dos “olhos” dos chamados loucos, pois eles são, na verdade, sábios. Como foram sábios os grandes profetas bíblicos, os quais sempre viram muito além da maioria. Mire-se no exemplo de humildade das tribos indígenas, as quais se permitem ser orientadas por pajés e caciques, que são escolhidos exatamente por possuírem uma visão amplificada. E dê um VIVA à sábia loucura.

UM VIVA À LOUCURA

Que bom seria se pelo menos um terço do mundo
se transformasse em um hospício.
um hospício repleto de loucos excêntricos,
diferentes de todos os normais,
que seguem em filas como bois em uma boiada,
dispostos a entregar suas vidas como prêmio
em nome da tão propagada normalidade.
Loucos excêntricos como São Francisco de Assis,
que falava com as flores e os animais;
como Buda, que abandonou um palácio
a fim de buscar o sentido da existência;
loucos como Ghandi, que libertou um país
sem utilizar uma só arma.
Que o mundo seja repleto de loucos como Cristo,
que doou a sua vida para nos ensinar o caminho da liberdade:
O TOTAL E VERDADEIRO AMOR.
Que este desejo sirva de consolo,
alento e incentivo,
a todos os grandes e pequenos loucos
que tentam equilibrar o mundo.
E que sirva de alerta a todos os normais,
que, cômoda e covardemente,
entregam o universo nas mãos daqueles que eles próprios chamam de LOUCOS.




(livro "Provérbios - Sabedoria do Povo)